Sr. Presidente,
Srs. Vereadores;
Cumpriu-se a grande ambição do “vale tudo” em exercício na gestão municipal em Montijo dirigido a assegurar aquele que é o objetivo único da sua prática política ganhas as eleições: perpetuar o exercício do poder pelo poder.
Continua a impor-se aos eleitos e às forças políticas que representam, o inadmissível agendamento de sessões ordinárias, quinzenalmente, para as 15 horas de quartas-feiras.
A justificação é um insulto à inteligência de todos os Montijenses e de boa fé, independentemente dos juízos e opções políticas que são as suas: reúne-se mais cedo porque os funcionários municipais – leia-se os quadros técnicos, essencialmente - estão na sua hora de trabalho e assim poderão prestar apoio ao Presidente no esclarecimento de qualquer questão que a dinâmica das reuniões venha a suscitar.
Ora nem o Presidente recorreu, uma vez que fosse, no mandato anterior à explicação “in loco” produzida por qualquer trabalhador municipal, nem são as horas extraordinárias que dois ou três quadros técnicos realizassem, de quinze em quinze dias que levariam uma gestão com tanto “conforto” financeiro a passar por quaisquer apertos.
A realidade é bem outra: não tendo ainda digerido a opção dos eleitores que em 2013 colocaram a avaliação da gestão PS em minoria clara, o líder camarário ao mesmo tempo que encontrou um “culpado” interno para esse desaire, marcou para quando lhe fosse possível um ajuste de contas com os Montijenses.
O resultado está aí: num concelho com movimentos pendulares para Lisboa aonde se acolhem diariamente mais de 3.800 Montijenses, com a esmagadora maioria da população ativa trabalhando na área metropolitana da capital, agendam-se reuniões de Câmara para as quinze horas da tarde!!!
As entidades patronais darão o devido acatamento às leis do país que permitem aos eleitos sem exercício de competências a tempo inteiro ou meio tempo a presença em reuniões dos órgãos autárquicos, vai-se dizendo..., mas oculta-se a verdade que cada jovem, homem ou mulher sabe da experiência da vida: que no país concreto dos contratos a termo certo, ou melhor “a prazo”, criação desastrosa de um Governo PS/Mário Soares, quem muito falta não vê o seu contrato renovado e ficará com a sua vida profundamente afetada!
Pela primeira vez em muitos anos a CDU já esteve nesta Vereação, no presente mandato, sem um Vereador, já por várias vezes se viu compelido a proceder a substituições com poucas horas para gerir situações complexas de vidas profissionais concretas. Com tudo o que de fragilidade acarreta para a preparação das matérias que vão a sessão de câmara e para o exercício das altas competências que cabem aos eleitos, sobretudo aos da oposição, que têm de ter uma intervenção qualificada, de fiscalização e de apresentação do contraditório se ele se justificar, que não têm técnicos para preparar as matérias do ponto de vista das especialidades e valências, que não têm “tempo real” para estudar, aprofundar alguns dossiers mais complexos.
Pela primeira vez que recordemos, pessoalmente, a Vereação do PSD não estará representada nesta importante sessão e aqui damos conta de que o Vereador eleito teve a amabilidade de contactar a CDU e de justificar a ausência da sua força política por contingências da vida profissional de todos os membros da respetiva lista.
Os Montijenses vão continuar a sentir, enquanto o tolerarem, mesmo os que agora votaram no PS/Nuno Canta saindo da abstenção, o espiamento da culpa de terem retirado a maioria absoluta em 2013 ao PS.
Julgamos que este “poder absoluto”, assim usado de “forma absoluta” não colherá a adesão dos Montijenses, mesmo do eleitorado socialista, dos jovens, mulheres e homens que confiam no exercício em condições de liberdade, imparcialidade e dignidade dos cargos autárquicos. Não fora assim e já teríamos as sessões da Assembleia Municipal de Montijo a serem apontadas paras as 15 horas ou até para as 09 horas da manhã de cada uma das sextas-feiras normalmente escolhidas para tanto. A ser assim já teríamos as reuniões dos representantes de cada bancada da Assembleia Municipal, onde o PS/Nuno Canta tem maioria absoluta, a serem convocadas para as 14h00 ou para as 11 horas da manhã.
Ainda há quem mantenha, da parte dos eleitos e autarcas do PS, nos órgãos municipais, a sensatez democrática mínima que infelizmente “abandonou” a gestão em exercício.
Sr. Presidente;
Srs. Vereadores;
“É nos momentos difíceis que se veem os verdadeiros amigos” diz um ditado popular que bem conhecemos. Também poderíamos dizer que é no exercício do poder em maioria que se veem os verdadeiros democratas. Infelizmente no Montijo nem essa circunstância poderíamos invocar, dado que já em minoria se revelava o estilo e o pensamento, no gesto inqualificável de um autarca populista que há boa maneira do pensamento perigoso e conservador que varre o Mundo, achou por bem mandar um Vereador eleito pelo Povo, pelos Montijenses, “para a sua terra”.
Não pense contudo, Presidente de Câmara, que é por impedir as forças de oposição de um trabalho mais apurado, mais fácil, mais conseguido de estudo e de proposta, que os problemas - que não é incapaz de enfrentar no concelho – desaparecerão, nem o combate ao lixo será mais eficaz, nem a mobilidade terá melhor eficácia, nem os espaços verdes e o mobiliário urbano ganharão mais cuidado, nem os equipamentos e instalações municipais servirão melhor os trabalhadores, o serviço público e os cidadãos, nem a imagem urbana, periurbana e rural brilhará, nem a regeneração voltará aos bairros degradados, nem o rio será devolvido ao Povo, nem o transporte fluvial à terra que lhe deve muito do seu passado e do seu destino, nem que um terminal aeroportuário lhe faria a gestão autárquica que serviria os cidadãos.
Há mais vida, mais democracia, mais cidadania, para lá das dificuldades colocadas ao trabalho dos Vereadores. Porque confiamos nos Montijenses! Porque tarde ou cedo se fará Justiça!
Paços do Concelho de Montijo, 06 de Dezembro de 2017
A Vereação CDU,
Carlos Jorge de Almeida Juleca Abibo