Sr. Presidente,
Srs. Vereadores:
As forças políticas representam interesses distintos, as mais das vezes radicalmente distintos, seguramente opostos, na luta que separa os que tudo possuem dos que nada têm, senão às vezes o magro proveito do seu trabalho, ou nem isso, em suma: aqueles que servem um ou outro lado da História.
Percebemos – só para citar um exemplo - porque a gestão PS, agora há mais de quatro anos liderada pelo vice-presidente e autarca municipal em funções de gestão, há mais de 20 anos, se posicionou, a título de mero exemplo, ao lado da Transtejo e do Governo no exílio do cais dos Vapores para o Seixalinho. Não aceitamos mas percebemos:
Era o tempo da preparação da privatização do transporte fluvial no Tejo (Transtejo e Soflusa) e, como sempre fazem os governos que se perfilam ao lado do capital financeiro, tornava-se necessário baratear os custos do investimento em dragagens. Por outro lado a solução permitia acabar rapidamente com a memória de uma empresa pública de dragagem, a Dragapor, que foi privatizada em 2000. Já agora, recordar que a alienação foi feita à SPD-Sociedade Portuguesa de Dragagens, que pagou cerca de 635 mil euros e, 5 anos depois, 2015, a Dragapor teve ordem de dissolução, sendo integrada na Sociedade Portuguesa de Dragagens, ora detida pela holandesa Boskalis, que assim comprou o concorrente estatal português para aniquilar a concorrência.
Liderada, então, por uma visão política muito à frente da pequenez política do atual líder, o PS justificaria a opção pelos interesses do capital financeiro com base numa bateria de argumentos que bem conhecemos:
- O CO2 e a excessiva poluição no Centro de cidade;
- Os problemas de estacionamento;
- O novo transporte elétrico e amigo do ambiente;
- A gratuitidade do estacionamento;
- A opção por mais carreiras e mais célere chegada a Lisboa;
- A referência a pensamentos estratégicos anteriores, alguns trabalhados até em gestão das forças que compõem a CDU, mas na lógica de um cais para o transporte de bens e não de passageiros a curto, médio prazo;
- A forma mais expedita de construir um novo conceito de cidade, levando-a, pelo apetite que encontraria nos promotores, para fora da circular externa...
Percebemos desde o primeiro dia a “habilidosa” escolha dos argumentos, percebemos as intenções e o que estava por detrás, e demos e damos combate a esta decisão que foi um atentado grave ao desenvolvimento socioeconómico de Montijo e à sua umbilical relação com Lisboa.
O que não podemos perceber, o que não se pode de todo em todo admitir, e que vai para além do posicionamento político partidário, que separa os que estão com o direito à mobilidade, com as famílias, com a economia, com a produção nacional e os que servem o lobby do transporte como negócio privado, é que o garante, o representante da Proteção Civil em Montijo, assista, com a incapacidade que se evidencia à situação de constante perigo em que são colocados milhares de Montijenses sujeitos à gestão perigosa da sua deslocação pendular casa-trabalho em barcos dos anos 70 e oitenta de há um século atrás (inclusive cacilheiros de museu) jogando a vida em situações de sobrelotação. De provável ausência de equipamentos adequados (coletes salva-vidas e outros). Com esta gestão PS, e o seu líder político e autárquico, Montijo recuou no transporte fluvial meio século!
E que faz o Presidente de Câmara e responsável máximo pela proteção civil na sua terra?! Vai “conversar” com a Transtejo, com a Tutela? E dizer o quê?! E com quem?! Leva a sua gente?! Mobiliza, lidera, une?!
"Ninguém merece…”